DIEGO MEDEIROS

Foto: Fabiana Souto
DIEGO MEDEIROS.1990. DIVINÓPOLIS/MG, BRASIL. ARTISTA PLÁSTICO E ARTE EDUCADOR. VIVE E TRABALHA EM DIVINÓPOLIS.
Diego Medeiros constrói, a partir de papel, madeira, cimento e resíduos de ateliê, pequenas arquiteturas que não servem para habitar — mas sim para lembrar, tensionar e observar. Seu trabalho habita o cruzamento entre a escultura, o desenho e a artesania, com forte presença da tradição material mineira, sem nunca se restringir a ela. O que se vê são fragmentos: de casas, igrejas, ruínas e objetos do cotidiano, montados com técnicas como papietagem, cartonagem e impasto, sempre de maneira manual, sem moldes industriais.
Seus objetos, muitas vezes em miniatura, são vestígios simbólicos de uma cidade que já passou — ou que nunca se completou. As formas evocam afetos e estruturas frágeis, como gangorras, canoas, redes e fachadas, tratadas com rigor formal e intuição poética. Mais do que representar a realidade, Diego a reconstrói a partir de suas sobras: entulho, papel, madeira reaproveitada. Cada obra é, ao mesmo tempo, um exercício de permanência e desaparecimento.
Sua pesquisa tem forte dimensão autobiográfica e social, tratando de temas como moradia, deslocamento, pertencimento e precariedade urbana. Através de suas peças, Diego denuncia de forma velada — sua crítica não é feita por imposição, mas por sugestão. Está no silêncio dos objetos, na escolha dos materiais, na forma com que o tempo e o descaso são incorporados à matéria. Suas obras não gritam; elas assombram suavemente, como memórias que recusam desaparecer.
Situado entre o figurativo e o abstrato, entre o popular e o reflexivo, seu trabalho foge das classificações convencionais. Não é artesanato, mas carrega a memória da mão. Não é arte conceitual pura, mas levanta questões urgentes. O artista mineiro se move com naturalidade nesse entre-lugar: onde o gesto pequeno tem peso simbólico, e onde cada detalhe carrega uma história invisível.